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Em retrospecto de 2022, a Fórmula 1 entregou tudo que prometeu ?

A temporada de 2021 da Fórmula 1 é incomparável, sem discussões, uma das melhores da história, mas, mesmo assim, a categoria nos "vendeu" em 2022 um formato novo, tão emocionante quanto o do ano passado. Será que deu para ficar satisfeito ?


Foto: XPB Images

A Fórmula 1 prometeu mudar em 2022. Sim, mudar, inverter as cartas, ou melhor, as equipes, chamar quem estava lá embaixo para frequentar a tabela na parte de cima, disputas, batalhas, drama, ação na pista, ou seja, tudo o que o espectador deseja ver.


Deu certo ? Pergunta difícil, de resposta ambígua. Se formos olhar pelo lado de “disputas”, sim, elas aconteceram, com um aumento de 30% de acordo com a Pirelli. Tivemos de fato mais ultrapassagens, para ser exata 785, em contraste com 2021, 599.


Agora, onde aconteceram esses embates ? Bem, foram do meio do pelotão para trás. Não quero menosprezar o trabalho dos pilotos do fundo do grid, mas a gente sabe que a emoção mesmo vem com uma disputa roda com roda pela liderança da prova, melhor, por um título.


Se seguirmos nessa perspectiva, a Fórmula 1 não entregou tudo que prometeu. Mas não vou jogar a culpa no esporte em si, diversos fatores contribuíram para a temporada de 2022, entre os principais: erros da Ferrari (desde piloto, passando por staff até o chefe da equipe) e a filosofia errada da Mercedes.


Quem diria que a hegemonia seria quebrada, que Lewis Hamilton não iria vir com tudo pra cima de Max Verstappen, pois bem, como a gente diz “não rolou”. Tivemos que nos contentar com os flashbacks do passado.


Falando mais do W13, o carro era inovador, basta olhar para as reportagens da pré temporada. Todas apontavam para a Mercedes "diferentona". Ser revolucionário tem seus dois lados da moeda: o sucesso ou o fracasso.


A aerodinâmica ineficiente do W13, somado ao fato de gerar muita resistência ao ar, entre outros problemas dos quais não me sinto apta para detalhar, mostraram em qual lado da moeda a Mercedes se encontrou.


O ano turbulento resultou em apenas uma vitória no campeonato, mas não foi qualquer vitória. Ok, era a primeira da Mercedes em um ano complicadíssimo, mas não foi só isso! Foi uma vitória de George Russell! Repito, uma vitória de George Russell!


A memória pode ser falha, então vamos recordar alguns momentos da carreira de Russell. O britânico estreou em 2019 pela Williams. O ano era de muitos desafios, não só por estar em um dos piores carros, mas porque tinha que mostrar seu valor. A F1 é dura, em um piscar de olhos você pode estar no grid, no outro, sem futuro no esporte.


O primeiro ano passou batido, sem pontuar. Tudo bem, ano de estreia, rockie, podemos dar um "desconto", mas não nos esqueçamos que ele chegou perto, foi P11 na Alemanha. Seguimos para 2020, temporada caótica. Pandemia. F1 adiada. Volta com sistema de bolhas no paddock. No entanto, a palavra "caótica", teve mais de um sentido para Russell.


GP do Sakhir, Lewis Hamilton, heptacampeão, diagnosticado com Covid. O substituto ? George Russell. O britânico pela primeira vez sentou em um carro competitivo, digo, dominador. O W11 que estampava o número 63 assumiu a liderança logo na primeira curva. Chegou na volta 79 de 87 na segunda posição, com cerca de 2s atrás de Pérez. A vitória estava tão próxima, mas se ouviu no rádio puncture, um furo no pneu.


As chances de vitórias diminuíram, depois as de pódio. A Mercedes, equipe implacável do campeonato, havia colocado os pneus errados, calçaram o conjunto que era de Valtteri Bottas. Pela regra, Russell não poderia permanecer na pista e teve que retornar aos boxes. O momento de glória se transformou em um P9. Os três primeiros pontos marcados na categoria com um gosto amargo, mas muito amargo.


Avançamos para 2021, GP da Bélgica. Abaixo de chuva George Russell crava o segundo lugar no grid. E no domingo, conquistou seu primeiro pódio em uma corrida que não foi corrida. Dando um salto para 2022, George foi anunciado pela Mercedes. No ano em que finalmente estaria à frente de uma equipe capaz de lhe dar grandes resultados, a octacampeã erra na filosofia do carro.


Interlagos 2022, alguns dias atrás, Russell ganha sua primeira corrida, que não é corrida de verdade, é sprint, e garante a pole, que não é registrada nos livros de história. No domingo, George conquistou de fato sua primeira vitória.


Ao subir no lugar mais alto do pódio, com uma emoção incontrolável, de arrepiar, George Russell mostrou que se formos olhar pelo lado do drama, ele entregou tudo e mais um pouco em 2022. Satisfeitos agora ?


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